domingo, 14 de fevereiro de 2010

A CRÔNICA (REDAÇÃO- segundas e terceiras séries)



Olá, meus cronistas!Como vocês bem sabem, estamos na semana da crônica.Acredito que todos, a essa altura, já tenham “mastigadinho” o conceito de crônica. Alguns até já tiveram a feliz oportunidade de escrever uma sobre Zilda Arns, inclusive eu. Mas aos mais esquecidinhos, gostaria de dizer, de um modo mais simples, que crônica é uma espécie de “conversa” em que o autor tenta demonstrar o seu ponto de vista. Para um conceito mais elaborado, acessem: http://oliteratico.webnode.com/cronistas.

É muito importante entendermos e finalidade as características de um gênero, pois a primeira coisa que precisamos ter em vista ao produzirmos um texto é a sua estrutura, a sua “forma física”, a sua “fôrma”, ou seja, como “materializar” uma ideia, um discurso, uma informação, etc.
Como discutimos em sala, a crônica não apresenta uma estrutura rígida. Felizmente! De modo que existem várias formas de “cronicar”, como é explicado no link acima. A graça do cronista está justamente na liberdade de criação, de modo que o seu samba-enredo é “Liberdade, liberdade, abre as asas sobre nós”. O difícil é quando, na hora de escrever, bate aquela perguntinha contrariante: “O que que eu faço com essa tal liberdade?”. Realmente, às vezes, pode ser mais fácil seguir uma estrutura pré-definida, de modo que a liberdade pode significar falta de parâmetros, resultando, muitas vezes, naquele branquinho básico. Então qual seria o “antídoto antibranco”? Elementar, meu caro Watson: leitura, leitura e leitura, em doses generosas. É somente o contato com diversos tipos de crônicas, de diversos autores, que vai lhes dar subsídio e segurança para escreverem textos nesse multifacetado gênero. E, para não dizerem que não falei das flores, seguem alguns endereços interessantes sobre o assunto. Vale a pena conferir!
http://recantodasletras.uol.com.br/artigos/925946
http://crondia.blogspot.com/
http://www.sitedoescritor.com.br/sitedoescritor_cronica.html
http://www.pensador.info/p/cronicas_de_luiz_fernando_verissimo/1/
http://www.pensador.info/p/cronicas_de_arnaldo_jabor/1/

Conheçam alguns cronistas:
http://www.tvcultura.com.br/aloescola/literatura/cronicas/galeria.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_cronistas

INDICO também um livro muito bom: As cem melhores crônicas brasileiras , organizado pelo cronista Joaquim Ferreira dos Santos, da Editora Objetiva. Vejam a resenha:
http://www.travessa.com.br/AS_CEM_MELHORES_CRONICAS_BRASILEIRAS/artigo/9dc5b960-4b76-473f-a163-92e16264a503

Para finalizar, antes que alguém diga que o blog de Redação é um jornal, segue uma crônica (ainda fresquinha) que achei uma graça. Apreciem sem moderação e comentem com amor e zelo à língua materna. Não pisoteiem a “última flor do Lácio”!

Que lindo dia, não?
QUEM EXAMINA o embate entre aqueles que dizem que o p o d e r p ú b l i c o tem responsabilidade direta pelas enchentes e os alegam que são Pedro é o grande culpado pelas calamidades deste verão pode perder de vista a noção de que falar do tempo nem sempre foi um convite ao radicalismo.
“Todo mundo fala do tempo, mas ninguém faz nada a respeito”, notava Mark Twain na virada do século 20. Ouvindo assim, a gente até diria que o autor de “As Aventuras de Tom Sawyer” é morador do Jardim Pantanal e está aguardando cadastramento da prefeitura na esperança de voltar para casa.
Oscar Wilde, sempre tão em forma para colocar o dedo na ferida, parece ter pisado numa casca de banana ao discorrer sobre o tema. Dizia ele que “conversar sobre o tempo é o último refúgio para quem não tem imaginação”.
Bem, nesse caso, é de admirar que entre seus conterrâneos existam nomes como Shakespeare, Newton, Blake, Turner, Darwin, Keynes e até John, Paul, George e Ringo, não é mesmo?
Sim, porque os ingleses não fazem outra coisa senão tomar chá e discorrer sobre o tempo. No caso deles, falar sobre as intempéries é uma forma de não falar sobre o que interessa. Por exemplo: quando um inglês quer saber se sua mulher passou a tarde cometendo adultério com o açougueiro, em vez de perguntar diretamente: “Você está me traindo, sua cadela sem-vergonha?”, ele joga na roda alguma consideração um pouco mais amaneirada do tipo: “Que dia glorioso, não é darling?”, ao que a cara-metade é capaz de capitular e confessar tudo.
Franceses não gostam de conversas muito elaboradas. Qualquer frase que inclua dois “oh-la-lás” já está de bom tamanho para eles. E falar do tempo faz parte desse menu descompromissado. Mas, por algum motivo que me escapa, eles adoram tecer considerações sobre o clima que utilizem metáforas zoológicas. Exemplos: “Il fait um froid canard” (faz um frio de pato) , “C’est um temps à pás mettre le chien dehors”( faz um tempo para não colocar o cachorro para fora) e “Mieux vaut um renard au poulailler qu’um homme em chemise em février”( mais vale uma raposa no galinheiro, do que um homem em mangas de camisa em fevereiro).
Inspiro-me nos franceses para dizer que, enquanto escrevo, chovem cães e gatos lá fora. Olho pela janela e vejo a esquina da minha casa completamente inundada. Dois carros estão parados no meio da rua e uma moto forma um leque de velociraptor ao tentar contorná-los. Por conta das chuvas, as ruas de meu bairro estão mais enrugadas do que o rosto de Donatella Versace.
Na semana retrasada, não consegui enviar o texto desta coluna para o jornal em função de corte de energia elétrica ocorrido depois de um temporal...
E cá estou eu falando do tempo, como você e a torcida do Íbis. Falar no tempo parece que une as pessoas, não é mesmo?
Ou melhor, unia. Hoje em dia, bastou alguém dizer que houve uma enchente em São Paulo para começar o jogo acusatório. Como se a culpa não fosse de todos nós, da prefeitura e são Pedro incluídos.
(Barbara Gancia – Folha de São Paulo, 05/02/10)

A PEDIDOS...
Morte e vida peregrina

Viver, promovendo a vida! Foi o que fez Zilda Arns, uma das milhares de vítimas da tragédia do Haiti. A médica e sanitarista, que se encontrava em missão humanitária naquele país, morreu perto daqueles por quem trabalhou por toda a vida: os mais necessitados. Foi pensando neles, mais especificamente naquelas que “herdarão o reino dos céus”, que a pediatra, na década de 80, aceitou o convite da CNBB para implementar junto à Igreja Católica um arrojado programa de combate à desnutrição infantil que se tornou referência no mundo todo: a Pastoral da Criança. Arrojado não apenas por sua abrangência, mas também por sua metodologia de índole humanitária, baseada na multiplicação do conhecimento e da solidariedade entre as famílias mais pobres. Por esse grande feito, Zilda Arns chegou a ser indicada, em 2004, ao Prêmio Nobel da Paz.
Uma luz que se apaga! Uma chama que acende! A vida (e morte) de Zilda Arns instiga e inspira. Pensar que, numa sociedade onde o materialismo impera, surgem pessoas - como ela e seus milhares de voluntários- que se despojam do apego à matéria, despojando, muitas vezes, até de si mesmas, em prol de uma causa maior, é, pelo menos, inspirador. O exemplo dessa brava mulher nos mostra que a paz, tão almejada em escala mundial, pode ter o seu caminho trilhado em doses homeopáticas, num trabalho quase que artesanal. De porta em porta, hoje milhares de voluntários levam solidariedade e conhecimento sobre saúde, educação e cidadania a milhares de famílias. Uma verdadeira “corrente do bem”, hoje enorme, inspirada no milagre bíblico da multiplicação dos dois peixes e cinco pães que saciaram cinco mil pessoas.
Multiplicação! Certamente foi seja a visão que Zilda Arns teve e que nos falta quando preferimos nos omitir, achando que nossas ações em prol da melhoria da nossa realidade surtem pouco e quase nenhum efeito. Se, inversamente, quando nossas aparentes insignificantes ações contra o meio ambiente, como lançar nele uma garrafa PET ou uma sacola plástica, em escala macro, podem levá-lo (ou nos levar) à ruina, por que pequenas ações proativas não podem melhorar nossa realidade? De muitas pétalas é feita a flor; de muitas andorinhas se faz o verão. Mas o problema é que também nos falta a ideia da soma. Preferimos o negativo: uma pétala sozinha não forma uma flor; uma andorinha só não faz verão. E assim, duvidando de nosso potencial e colocando em xeque o dos outros, cruzamos os braços e caímos no lugar-comum: a culpa é dos políticos, dos capitalistas, dos nazistas, dos facistas, dos comunistas, dos petistas e todos os “istas”. E, ao nos limitarmos a apontar e a criticar os culpados, perdemos a oportunidade de apontarmos soluções, de fazermos algo para mudar o que precisa ser mudado. E assim a gente vai levando, o tempo vai passando e as coisas, piorando! Um gerundismo que se arrasta porque nos dividimos, cada um no seu quadrado, lutando pelas nossas causas individual’istas.
Zilda Arns somou esforços, multiplicou voluntários, dividiu conhecimento e diminuiu, significativamente, a desnutrição e a mortalidade infantil no Brasil e no mundo. Merece, com certeza, o título de “mulher que fez a diferença”. E nós? estamos fazendo? Inspiremos, pois, em seu exemplo de vida e em suas últimas palavras: “‘Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos’ significa trabalhar pela inclusão social, fruto da Justiça; significa não ter preconceitos, aplicar nossos melhores talentos em favor da vida plena, prioritariamente daqueles que mais necessitam. Somar esforços para alcançar os objetivos, servir com humildade e misericórdia, sem perder a própria identidade.”.
(Waner Duarte)

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Nao deu pra eu passar para a folha ! ^^

    A Escolha do Destino

    Eu, e como a maioria dos jovens de 18 anos, temos a simples decisão de escolhermos uma profissão para exercemos para o resto de nossa vida. Acha, para que nos preocuparmos como uma decisão tão tola e chula como esta? É a mesma coisa em que decidir o que vamos tomar: Pepsi ou Coca-Cola?
    Claro, queremos sempre a melhor. Porém o que é melhor para uns, com certeza pode ser péssimo para outros. E é nesse momento que encontramos nosso primeiro obstáculo, a opinião alheia. Apesar de sempre falarmos aquele simples clichê: o que importa realmente é o nosso interesse; a opinião alheia realmente nos influência. Ahh, que pai não gostaria de ter um filho médico, dentista, advogado ou doutor? E é nessa vontade que eles nos incentivam a essas suas escolhas, seja ele indireto ou diretamente. Infelizmente, não é só por esse motivo que essa escolha se torna tão facilmente e indiferentemente simples.
    “Ai sim fomos surpreendidos novamente!”. Após passarmos por esse simples obstáculos de opiniões alheias (acha? mínimos) encontramos outro meramente insignificativo, nossa total inexperiência. Diga-me sinceramente, que jovem de 18 anos entende da vida? Que jovem tem a essa tamanha integridade para decidir o seu destino? Claro, existem as exceções, jovens que seguirão as carreiras de seus pais ou os que nasceram com um dom totalmente perceptível. Entretanto, não são todos que tem essa sorte, a maioria está à mercê de uma sociedade totalmente individualista e competitiva, em que basta um passo errado e estamos fora dessa mesma (Nossa a cada hora encontramos um novo obstáculo).
    “Então concluímos que”; olhe que pena, uma escolha errada infelizmente, se fosse para um vestibular, haveria milhões de vestibulando passado em minha frente (olha só a competitividade!); embora seja uma escolha difícil, cada vez encontraremos mais e mais obstáculos em nossa frente, “não há nada ruim o que não possa piorar”, porém essa é uma escolha que não escaparemos. Então, pense em paz e que a sorte vos acompanhe! Graças a todos!

    (Augusto Santos)

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